sábado, 8 de janeiro de 2011

Aisthesis



        Lembro-me muito bem, pois já não faz muito tempo, quando a minha Aisthesis (percepção) foi ampliada assustadoramente. De início tive cautela, pois estava andando - a partir desse momento - em um escuro campo minado. Como todo ser em ameaça eminente, tentei me defender, mas já não dava pra expelir o que se impregnou na minha razão; debati-me, soquei o ar, caí o mais fundo possível. Na queda algo desprendeu-se do meu corpo, sem deixar nenhum vácuo visível, não tive noção do que realmente era. Deitado, respirando o ar gelado do chão de um lugar qualquer, refleti a minha compreensão sobre o todo que me circundeia – o todo que lhe rouba, mas do que lhe pede; que lhe restringe e não liberta;  temi está sendo mais um fantoche, desprender-me do rebanho, ser diferente e a pactuar somente com meus desejos . Percebi que a queda foi causada pelo arrebentar do fio que me ligava ao ventríloquo. Senti o doce sabor da liberdade - Ah como era doce! Levantei-me, coloquei-me a dançar e a cantar louvando a leveza de um viver sem correntes. Agora os meus estímulos elétricos eram independentes. Dei fim aos instrumentos dos domesticadores. Apenas espero não está em mais uma ilusão.

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