segunda-feira, 15 de agosto de 2011

UM ESTADO CAPITALISTA, SUAS IDEOLOGIAS E MEIOS DE MANUTENÇÃO [PART.1]


Todo ensaio sobre a pauta do agir do atual Estado capitalista de cunho neoliberal pós-guerra, deverá considerar os brilhantes escritos de Karl Marx, em seu método de analisar o inicio da constituição do Estado burguês, suas formas de manutenção, suas estruturas, idealizadores e interessados.
            O discurso propagado acerca do porque do existir do Estado é basicamente de cunho contratualista, ou seja, que o aparecimento dessa instituição que hoje vem perdendo seu poder para as super-empresas, deveu-se a uma necessidade humana de criar algo que as transcendesse para lhe assegurar o seu direito de posse, já que o homem em seu estado natural viveria como um animal, guerreando incessantemente por riquezas, propriedades e poder. Como expressa Thomas Robbes, o homem seria o lobo do próprio homem. Assim, não estaria Hobbes expondo o que é intrínseco a natureza humana, mas não menos, do que a realidade que vivenciará em sua época, o aparecimento da classe burguesa, a instituição do mercado, a guerra e a torpeza que os distinguem e porque não também descrevendo a atualidade tomada pela guerra das corporações por seus lucros.  
O Estado escravista garante a dominação sobre os escravos, o Estado feudal garante as corporações, e o Estado capitalista, protege-as, liberta-as dos laços da subordinação a renda fundiária absoluta, garante a reprodução ampliada do capital, a acumulação capitalista. Portanto é um elemento que faz parte integrante das próprias relações de produção capitalistas, mas é determinadas por estas.[1]
            Logo fica evidente que o Estado nada mais seria do que a expressão de uma classe dominante.
Já com uma visão bem mais crítica, não do surgimento do Estado em si, mas do comportamento da instituição estatal frente à sociedade, Zerzan – anarquista americano – classifica a vida moderna humana como uma submissão inconsciente as várias instituições existentes, que levaria o homem a confrontar aquilo que lhe é natural. Combate exaustivamente as correntes, pensadores e cientistas que afirmam serem os primórdios da odisséia humana na Terra tomada por uma selvageria desmedida, de um estado de privações, barbáries e ignorância dos ancestrais humanos e que caso não houvesse surgido à autoridade para salvar a humanidade, estaria à mesma até hodiernamente nessa situação caótica. O também filosofo descreve minuciosamente a vida anterior ao homo sapiens, relata o mesmo que antes da domesticação, do surgimento da agricultura, o dia-a-dia do homem era essencialmente ocioso, vivendo conectado intensamente com a natureza, havendo uma igualdade entre os sexos e uma ótima saúde do corpo.


[1] GRUPPI, Luciano. Tudo Começou com Maquiavel. Porto Alegre: L&PM, 1998.

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